O ato-espetáculo-musical critica o autoritarismo fascista que assombra o Brasil e é a continuidade investigativa da obra de Brecht por Borghi
O espetáculo em cartaz no Teatro Sergio Porto até 17 de março, com roteiro de Elcio Nogueira Seixas e direção de Rogério Tarifa, traz no elenco Renato Borghi, Débora Duboc, Elcio Nogueira Seixas, Nath Calan e Cristiano Meirelles.
A peça é estruturada em quatro unidades temáticas: "Todo Dia Morre Gente", “Deus Acima de Todos”, “Pátria Armada” e “Luta Amada”, com o intuito de se lançar criticamente sobre a ameaça de autoritarismo fascista que tem assombrado o Brasil nos últimos anos.
“A partir de 2019, o país mergulha no obscurantismo e logo em seguida é destroçado pela pandemia de COVID 19. Portanto, Brecht havia se tornado ainda mais necessário para nos guiar em meio à escuridão que se abateu sobre o Brasil. Éramos desacatados todos os dias por falas e gestos monstruosos da gente torpe, tosca e assassina que sequestrou a nação para colocar em prática um projeto de poder baseado na destruição de tudo que importa para a vida humana: a saúde, a educação, a cultura, a ciência, as florestas e até as amizades e laços familiares. Era preciso montar uma peça que desse conta de colocar em cena toda a nossa dor coletiva, nossa revolta e também nossa alegria guerreira para enfrentar o dragão da maldade. Foi assim que nasceu 'O que nos Mantém Vivos?'. Esta era a pergunta mais importante que poderíamos fazer a nós mesmos e ao público”, relata o criador do roteiro, Elcio Nogueira Seixas.
A montagem é uma espécie de continuação de 'O que Mantém um Homem Vivo?', clássico dos palcos brasileiros criado em 1973 por Renato Borghi e Ester Góes como obra de resistência à ditadura militar. Brecht foi escolhido pela dupla para driblar a censura da época justamente por sua capacidade de elaborar sua crítica feroz através de estruturas fabulares sofisticadas e, muitas vezes, repletas de humor, que despistaram a vigilância ignorante dos agentes do regime.
Atento ao momento explosivo e não menos decisivo que o Brasil atravessa, o Teatro Promíscuo, companhia fundada por Borghi e Elcio Nogueira Seixas em 1993, buscou em seus arquivos o roteiro original da peça, datilografado em uma antiga Olivetti por Renato Borghi e Esther Góes durante o período mais sombrio dos anos de chumbo para levantar uma nova montagem, que acabou indo para o palco em 2019, com Renato, Elcio e Georgette Fadel se revezando na atuação e na direção, imersos na cenografia arrojada de Daniela Thomas.
“A peça é um ato-espetáculo-musical que comemora os 65 anos de carreira do ator Renato Borghi. A peça é uma canção, uma música. É um abraço, um afago, o oxigênio, a arte, o teatro, o trabalho, a revolta, um grito contra o desacato, a comida, a vacina, a ciência, a busca, o nascimento, a troca, o encontro, a amizade, a cura, o outro, a outra ou o que cada pessoa pensa ao ouvir a pergunta que dá título à obra”, acrescenta Tarifa.
A concepção de "O que nos Mantém Vivos" se baseia na busca por uma horizontalidade maior entre a obra e o espectador. O público então é convidado a refletir junto aos intérpretes, por meio dos elementos épicos da dramaturgia e da estrutura permeável da construção do espetáculo, que conta com depoimentos pessoais dos atores sobre suas experiências em relação aos temas evocados pela peça. A música também se coloca como elemento fluido capaz de transportar ideias muito duras ao coração do público de forma afetuosa.
“Queremos criar em cena um transbordamento inacabado, um rascunho visceral, que potencializará o acontecimento do teatro: o encontro dos artistas com a plateia”, finaliza o diretor.
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