Entrevista com a atriz e protetora dos animais Alexia Dechamps

Escrito por
Chico Vartulli
Fotos:
Arquivo Pessoal
Alexia Dechamps com a ursa Rowena, no santuário Rancho dos Gnomos

Nascida na Argentina. Descendentes belgas, alemães e russos. Vindo morar no Brasil porque sua mãe é brasileira, se chama Renata, chegou bem pequenina. É uma atriz. Ativista, causa animal voluntária. Ativista de causas que precisem de pessoas em tudo que ela possa ajudar, indígenas, meio ambiente e, também super atuante.

Qual é a reflexão que você faz do cachorro que veio a óbito no transporte da companhia aérea Gol?

O Joca não o foi o primeiro animal que morreu em aviões brasileiros. É um absurdo que no país como o nosso tenham morrido tantos animais, tanto na LATAM, como na GOL. E nós não temos uma legislação  para isso. Estamos tentando legislar agora para que os animais viagem em cabine. Eu sugeri que se tirem duas cadeiras do fundo do avião para que caixas com animais grandes possam ir dentro do avião.  Mas isso mexe com os bolsos de uma companhia de aviação

Existem leis que defendem cães e gatos de sofrerem maus tratos. Estão sendo aplicadas?

No meu ativismo de causa animal, eu faço de A a Z. Eu consigo ração , consigo ajuda, faço resgates, sustento alguns animais, sou madrinha de animais, e, principalmente, trabalho politicamente, com deputados, com as políticas públicas com os animais. Então , por exemplo, a lei Sansão são o que é uma lei para maus tratos, eu ajudei a fazer, ajudei a compor essa lei junto ao deputado Fred Costa. É a primeira lei de maus tratos que pede a prisão do criminoso. Supostamente, ele deixa o criminoso dormir na cadeia, e vai para uma audiência de custódia.  Ela precisa ser tipificada. Porque ela fica muito na mão  do juiz, e da polícia . Digamos assim, se o cara fica preso ou não.  Então se você entrega toda a lei prontinha, o que é maus tratos, o que é considerado maus tratos o juiz não o tem muito o  que correr disso. Então a forma como ela está hoje, depende muito da interpretação  do juiz. Se você pega um cara que gosta mais ou menos de animal, nós podemos deixar o criminoso preso.  Como é um crime de menor potencial na cabeça deles, nós temos conseguido deixar poucos presos. Sim, eles vão  para a delegacia, são autuados, passa uma noite na cadeia, mas as vezes não acontece nem isso. Então, no nosso ponto de vista, é preciso melhorar a lei. O que é preciso urgentemente no Brasil é uma lei para os silvestres para deixar traficante de animais silvestres preso. Porque nossa fauna está entrando em extinção. Diversos animais como a onça-pintada. E os crimes são cruéis, sobretudo cometidos por fazendeiros, que ficam irritadinhos porque a onça invade as fazendas e come o gado.

Você teve uma atuação importante no caso da ursa Rowena. Qual foi a importância e a repercussão ao ser colocada num espaço onde passou a ser tratada com dignidade?

O maior orgulho da minha vida foi o resgate da ursa Rowena. Eu trabalhei durante um ano para libertá-la. Hoje existe um santuário onde nós a colocamos. É um local no interior de São Paulo que se especializou nesses ursos. Durante muito tempo, os ursos vieram traficados para circo, sobretudo para circos muito calorentos. Então  quando  proibiram animais em circo tiveram que realocar esses animais. Eles foram para zoológicos que poderiam recebê-los. E a maioria eram zoológicos não adequados para abrigá-los. Então entramos numa missão de salvar o máximo que pudesse.

Os ursos vieram para o Brasil traficados muito bebes. A maioria de lugares muito frios, da Sibéria por exemplo. Foram trazidos para serem escravos e maltratados em circo. Quando teve a lei proibindo animais em circo, o IBAMA foi obrigado a realocar esses animais em zoológicos, que por coincidência, eram zoológicos de áreas muitos quentes, Estados muitos quentes. A Rowena, por exemplo, foi parar no Piauí e era muito calor. Eu estive lá para tirá-la e quase passei mal. A denúncia que nós tínhamos é que ela comia ração de cachorro.  Ursa tem que se alimentar de peixes, frutas, legumes. Imagina como foi a vida desses bichinhos?! O único urso que não conseguimos a transferência foi com o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, o urso Robinho, o que não teve a alegria de nada.

Você começou atuando como modelo. Como foi a sua atuação profissional?

Eu comecei atuando como modelo porque foi o que eu consegui para começar a ser independente e sair da casa de minha mãe e ganhar dinheiro. Essa é a verdade. Eu nunca pensei em ser modelo. Eu queria ser atriz. Com treze anos, eu já estava fazendo teatro, no tablado,  já estava fazendo curso em New York. Eu sempre quis ser atriz. Eu agarrei a oportunidade que a vida me ofereceu de ser modelo. E eu fui muito feliz de ser modelo. Me ensinou muita coisa. E, depois por conta disso, eu pulei para ser atriz. Mas eu já tinha um certo preparo. Um pouquinho. Mas tinha.

Como você analisa a questão do etarismo na televisão brasileira?

De todos os preconceitos que tem sido combatidos, ou tem sido  politicamente corretos, eu não vejo o etarismo ser muito forte ou importante nessa pauta. Está faltando trabalhar sobre essa questão. Eu não sei a partir de que idade o etarismo é considerado.  Mas o que eu tenho visto diversas pessoas muito bem. Os sessenta anos de hoje são os novos cinquenta. E os setenta anos são os novos sessenta. As pessoas que estão com sessenta ou setenta anos continuam muito bem hoje, com todos os  cuidados, com as mulheres brasileiras tem toda uma cultura de cuidados com a pele, com o corpo, com a academia. O etarismo aqui é diferente, talvez, do que na maioria de outros lugares. Eu vejo que as pessoas estão muito bem. Infelizmente, no Brasil, tem etarismo sim, mas sobretudo vindo dos homens. Eu acho que os homens no Brasil não se interessam por mulheres da mesma idade, nem um pouco abaixo da deles. Eles querem meninas dez anos mais novas. Por exemplo, um homem de sessenta quer uma de quarenta. Ou um homem de sessenta e cinco anos quer uma mulher de trinta e oito anos. Isso é uma coisa que eu vejo muito no Brasil. E, por incrível que pareça, eu conheço mulheres de cinquenta ou sessenta anos que estão  dando um show nos homens, porque se tratam, se cuidam. Elas estão maravilhosas,  fisicamente, muito melhor que os homens. São muito mais interessantes, eu acho que uma mulher mais velha é mais interessante do que uma menina para conversar, para uma compreensão da vida. Na Europa, mulher não tem idade. Não existe essa coisa da mulher mais velha. E aqui existe muito. Eu, pessoalmente, tenho muita dificuldade de conversar com homem brasileiro. E, talvez por todos esses motivos.

Considero que, na profissão de artista, os artistas quanto mais velhos ficam melhores, com mais alma. O ator precisa ter um conhecimento de vida, dos sentimentos. Então, quanto mais vida ele tiver, mais ele teve chance de vivenciar experiências e utilizam para os personagens. Então, os atores mais velhos são sempre fantásticos. Fazem falta. Eu tenho visto muito ator jovem, muito cru.

Um estilo de Alexia Dechamps
Série O Coro, da Disney Plus Streaming.

Como você analisa a questão do etarismo na televisão brasileira?

De todos os preconceitos que tem sido combatidos, ou tem sido  politicamente corretos, eu não vejo o etarismo ser muito forte ou importante nessa pauta. Está faltando trabalhar sobre essa questão. Eu não sei a partir de que idade o etarismo é considerado.  Mas o que eu tenho visto diversas pessoas muito bem. Os sessenta anos de hoje são os novos cinquenta. E os setenta anos são os novos sessenta. As pessoas que estão com sessenta ou setenta anos continuam muito bem hoje, com todos os  cuidados, com as mulheres brasileiras tem toda uma cultura de cuidados com a pele, com o corpo, com a academia. O etarismo aqui é diferente, talvez, do que na maioria de outros lugares. Eu vejo que as pessoas estão muito bem. Infelizmente, no Brasil, tem etarismo sim, mas sobretudo vindo dos homens. Eu acho que os homens no Brasil não se interessam por mulheres da mesma idade, nem um pouco abaixo da deles. Eles querem meninas dez anos mais novas. Por exemplo, um homem de sessenta quer uma de quarenta. Ou um homem de sessenta e cinco anos quer uma mulher de trinta e oito anos. Isso é uma coisa que eu vejo muito no Brasil. E, por incrível que pareça, eu conheço mulheres de cinquenta ou sessenta anos que estão  dando um show nos homens, porque se tratam, se cuidam. Elas estão maravilhosas,  fisicamente, muito melhor que os homens. São muito mais interessantes, eu acho que uma mulher mais velha é mais interessante do que uma menina para conversar, para uma compreensão da vida. Na Europa, mulher não tem idade. Não existe essa coisa da mulher mais velha. E aqui existe muito. Eu, pessoalmente, tenho muita dificuldade de conversar com homem brasileiro. E, talvez por todos esses motivos.

Considero que, na profissão de artista, os artistas quanto mais velhos ficam melhores, com mais alma. O ator precisa ter um conhecimento de vida, dos sentimentos. Então, quanto mais vida ele tiver, mais ele teve chance de vivenciar experiências e utilizam para os personagens. Então, os atores mais velhos são sempre fantásticos. Fazem falta. Eu tenho visto muito ator jovem, muito cru.

Comente sobre a sua atuação no teatro. E, relembre a peça que você protagonizou no palco do CCBB RIO sobre uma meretriz da Vila Mimosa.

Eu fiz peças de teatro também. Fiquei em cartaz de 2016 a 2019. Veio a pandemia, e a seguir ao término eu entrei no streaming. Eu gosto de fazer teatro. É uma coisa tão difícil no Brasil. Nós não conseguimos ganhar dinheiro no palco. Nós temos que fazer por amor e disciplina.

A partir do ano de 2015, eu comecei a me dedicar ao teatro. Em 2016, eu fiz Dorotéia, de Nelson Rodrigues, com direção de Jorge Farjalla. Com Rosa Maria Murtinho, Letícia Spiller, entre outros. E foi um espetáculo. Ficamos um ano e meio, rodando o Brasil, em cartaz. Nos apresentamos diversas vezes no Rio de Janeiro. Dali eu emendei direto com Jorge Farjalla que me convidou para fazer Senhora dos Afogados, onde eu fazia dona Eduarda, que é o papel título, mãe da menina. E realmente fantástico. São cinco textos que fazem parte dos textos míticos do Nelson. São os textos loucos dele. São bem difíceis de fazer. Mas o Farjalla é um diretor especializado em Nelson. Daí, eu emendei Dog Bill, de Lars von Thriers, que teve o filme com a Nicole Kidman, e teve a peça de teatro, dirigido por José Henrique de Paula. Ficamos um bom tempo em cartaz. Então veio a pandemia, e eu ingressei no streaming. Eu venho me dedicando muito ao teatro. Tomei muito gosto.

A peça Filha, Mãe, Avó e Puta: uma Entrevista, realizei no ano de 2010, nos CCBBs do Brasil (Rio de Janeiro, São Paulo, e Brasília).

Quais são os seus projetos futuros?

Como projetos futuros, eu estou sendo convidada para apresentar um podcast sobre causa animal. Também estou trabalhando num projeto que tem a ver com animais, que tem áudio e visual. Esse ano eu não conseguirei fazer teatro. Eu fiz duas séries para a Disney Plus, que eu estou  aguardando estrear: Garota Comum, e o Coro.

As duas séries foram gravadas aqui no Brasil, mas serão exibidas no mundo inteiro. Eu falando em espanhol. Eu sou fluentíssima em espanhol. Como nasci na Argentina, eu mantenho o idioma da família.

Alexia Dechamps e os gatos da Fazenda Modelo, local onde recebe visitação pública. Tem o dia do banho, do carinho e muito mais.

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