Meu entrevistado é o super conceituado, Economista, Jornalista e Sociólogo Silvonei Protz

Escrito por
Chico Vartulli
Fotos:
Arquivo Pessoal / Divulgação
Silvonei José na apresentação do seu livro Bento XVI, Simplesmente um Peregrino

Silvonei José Protz é natural de Guarapuava – Paraná. Doutor em Comunicação pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, formado em Jornalismo, Economia e Sociologia. Foi Professor de comunicação na Pontifícia Universidade Gregoriana e na Pontifícia Universidade Urbaniana. Atualmente Professor no Centro Cultural da Embaixada do Brasil junto ao Governo italiano. Diretor-responsável do Programa Brasileiro da Rádio Vaticano – Vatican News e Cavaleiro de Sua Santidade – Ordem de São Gregório Magno e Cavaleiro da Ordem do Santo Sepulcro de Jerusalém. Jornalista e Telecronista das celebrações pontifícias.

Como um jornalista brasileiro foi parar no Vaticano?

Comecei a atuar na comunicação com 16 anos de idade na rádio Cultura de Guarapuava, minha cidade natal. Dpois trabalhei para a Rádio Aparecida de São Paulo, a rádio Angra, em Angra dos Reis (RJ) e a rádio Celinauta e Itapoã em Pato Branco (PR). Em 1989 fui convidado pelo padre Ronoaldo Pelaquin para trabalhar na Rádio Vaticano, em Roma. Aceitei inicialmente por 6 meses. Devia ter sido apenas um período de formação e de 6 meses em 6 meses hoje faz 35 anos que trabalho na comunicação do Vaticano. Hoje faço parte da Rádio Vaticano, e desde 2017 do Vatican News, devido à reforma dos meios de comunicação vaticanos desejada e promovida pelo Papa Francisco.

O que representam o Vatican News e a Rádio Vaticano para a fé católica?

Sem dúvida representam o ponto de referência fundamental da comunicação do magistério do Papa. Como você sabe, existem inúmeros canais de comunicação católica, entre televisão, rádio e redes sociais, mas o nosso Vatican News, que reúne mais de 70 nacionalidades e línguas diferentes (uma verdadeira Babel – somos 50 idiomas) tem a responsabilidade de ser um canal de veiculação dos acontecimentos da Igreja católica. O fiel que ouve a Rádio Vaticano sabe que está ouvindo, do modo mais confiável possível, o próprio Papa. Isso é um grande privilégio e uma grande responsabilidade para nós jornalistas que trabalhamos na comunicação vaticana. Nós divulgamos para o mundo inteiro notícias relacionadas às atividades do Papa e, querendo ou não querendo, proporcionamos notícias que dizem respeito a uma das pessoas mais importantes e influentes do planeta. Justamente por isso, nossa responsabilidade no modo como escolhemos dar uma notícia é muito grande, pois quem nos ler ou ouvir, vai ter que saber que está lendo ou ouvindo o pensamento do Papa e não o pensamento do locutor ou do jornalista que estiver falando ou escrevendo naquele momento.

Você tem sido a convivência com os Papas nos últimos anos. Pode nos falar um pouco?

Foi e continua sendo um privilégio. Trabalhei com três Papas, três homens completamente diferentes, cada um com suas peculiaridades específicas. Três homens que, do seu modo, entraram todos para a história em função daquilo que falaram e fizeram. Para um jornalista, acompanhar tamanhos acontecimentos é o maior privilégio que se poderia desejar. Houve três experiências muito marcantes em relação a cada um deles, apesar da diversidade do contexto em que elas ocorreram. A primeira é sem dúvida a morte de João Paulo II, o polonês, cujo pontificado durou muito e que marcou uma passagem epocal para o século XIX. A segunda é a renúncia de Papa Bento XVI, o alemão, algo que ninguém imaginou que poderia acontecer e que sacudiu a Igreja e o mundo profundamente. A terceira, naturalmente, é a eleição do Papa Francisco, o argentino vindo do “fim do mundo”, que se seguiu à renúncia de Papa Bento XVI e tudo que ele fez e segue fazendo até agora, com coragem e perseverança, que já entrou para a história.

Silvonei José com o Papa Bento XVI uma foto lendária

Como é viver na Itália para um brasileiro?

Eu adoro viver na Itália. Roma me adotou e já faz 35 anos que moro aqui. Nesse ponto da minha vida posso dizer que vivi mais aqui do que no Brasil. E’ uma realidade muito diferente da nossa do Brasil. A Itália é um país muito pequeno, para vocês terem uma ideia creio que o território italiano inteiro tenha a mesma extensão de Sergipe e dentro desse território tão pequeno está concentrada uma riqueza e variedade de cultura, arte, paisagem, história e línguas únicas no mundo. A Itália é o sonho de todo e qualquer estrangeiro nem que seja uma vez na vida. Naturalmente morar e trabalhar não é como visitar Veneza, Roma e Florença e depois voltar para casa. Cada país e cidade lida com suas dificuldades e problemas diários, mas a Itália é um país muito tranquilo, os italianos em princípio são hospitaleiros e se você quiser se integrar, certamente vai ter a oportunidade.

O seu último livro sobre Bento XVI foi lançado com muito sucesso no Rio. Mais de 20 veículos noticiaram o evento. Quais são as principais mensagens da sua obra?
Bento XVI foi um grande estudioso e teólogo. Ele teve a tarefa muito difícil de vir depois de 27 anos de pontificado de João Paulo II, o Pontífice vindo do leste que colocou os alicerces para o fim da guerra fria entre União Soviética e Ocidente. Certamente menos carismático de João Paulo II por uma simples questão de caráter e idade (não devemos esquecer que ele era alemão e se tornou Papa com quase 80 anos de idade), não tinha o carisma de uma grande comunicado, de saber comunicar como o faria mais tarde seu sucessor Francisco e por isso, se assim podemos dizer, não foi um Papa que soube alimentar e apaixonar as multidões, mas foi um Papa que nos fez refletir e que nos deixou um enorme e precioso legado em termos de pensamento. O título do livro (o primeiro de uma trilogia) “Simplesmente um peregrino”, retomou uma expressão do próprio Bento XVI, homem de grande humildade, como ele demonstrou na sua renúncia ao pontificado, gesto de ruptura e de amor extremo pela Igreja e por Deus, um passo para trás de quem sentia não ter mais condições de servir do melhor modo possível a Igreja. E contudo, esse homem simples e humilde foi um excepcional teólogo e pensador. Precisamente esse pensamento é o que eu quis ressaltar no livro, que se dirige aos catequistas e às pessoas de boa vontade. Nele se condensa a catequese de Bento XVI, herança preciosa e imortal desse simples peregrino cujo trabalho nos bastidores, longe dos holofotes, foi enorme e surpreendente.

Como se dá sua participação na ordem equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém?

Fui convidado a fazer parte da Ordem pela lugar-tenente Dra. Isis Penido, que é a minha madrinha. Aceitei com muita honra, pois acredito no serviço que a Ordem faz e nesta instituição milenar. Mesmo estando em Roma procuro seguir todos os eventos da Ordem e interagir com meus coirmãos e irmãs. Sou jornalista, por isso procuro também escrever e divulgar a nosso Ordem em âmbito internacional, já que o meio onde trabalho me dá essa oportunidade. A Ordem, repito é uma instituição de serviço à Igreja, e nisso eu me identifico plenamente.

Como é a gestão de um Estado como o Vaticano?
É um Estado que tem suas modalidades e regras de administração exatamente como todo e qualquer Estado soberano. Tem os Dicastérios – que seriam os ministérios numa linguagem mais profana – e o Papa como soberano. O Papa é o líder máximo da Igreja Católica no mundo, com mais de um bilhão e 200 milhões de fiéis. Um trabalho, ou melhor uma missão que nem sempre é fácil.

Silvonei José com o Papa Francisco, uma grande preciosidade de foto

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